sábado, 22 de novembro de 2008

Chupem-me!

Ser leitor de blogs em pleno final de ano é uma merda. Afinal, em todos os blogs rola aquela reflexão sobre o ano que se passou e as etapas que terminam, a expectativa pelas mudanças do ano que se aproxima, enfim, um clichê total. E como eu sempre fui de clichês, assim será nesse texto. Leitores saciados com o assunto se sintam à vontade para fechar a janela.

Ontem eu passei oficialmente de ano, pois fui aprovado na matéria mais difícil e com o professor mais mal comido da história. Mas isso está longe de significar sossego. Ainda tenho concursos públicos, vestibulares, entrevistas, dinâmicas, etc. Eu sinceramente não faço idéia do que será o meu futuro, deixo a sorte escolher.

Eu deveria ter estudado para os vestibulares, mas ou eu escolhia passar de ano no curso técnico ou estudava. Acredito que essa tenha sido a principal lição aprendida nesse ano. Aquele ditado de quem tudo quer nada tem. Uma coisa de cada vez. E eu ainda preciso aprender a reclamar menos da falta de tempo.

Mas é foda. Nós jovens somos cheios de energia e sonhos de mundo. Porém, ao invés de gastarmos nossas forças com pessoas, artes, flores, amigos e amores, a responsabilidade nos obriga a ralarmos para construirmos nosso futuro. Não estou reclamando, afinal buscar o sucesso tem ser ar da graça, eu só queria mais tempo de liberdade. Droga, eu disse que preciso aprender a reclamar menos do tempo.

Talvez esse seja o significado da palavra sucesso: conseguir equilibrar bem-estar pessoal com realização profissional. Algo me diz que eu deveria anotar isso na lista de metas para o ano que vem.

Sem mais, vou falar a verdade. O fato é que o meu colégio não é para qualquer um. O ensino médio é o bicho, sendo que o curso técnico é um dos melhores do país. Com 15 anos eu passei na prova, sem ao menos saber onde eu estava me metendo. Claro que eu não me arrependo nem um pouco, mas foi por ter passado nessa prova que a minha vida se transformou nessa correria. Em outros colégios, alguns alunos sofrem para serem os melhores. No meu colégio, nós sofremos para passar de ano.

Por isso tudo que quando o professor mal comido falou “aprovado” eu abri um sorriso contido, sai da sala, e soltei um grito: “Me Chupem!”. Eu não sei para quem eu destinei essas palavras, se foi para as empresas que desejarão me contratar, ou se foi para os professores e coordenadores mal comidos, ou ainda para quem não tem nada a ver com isso, mas que eu invejo por não ter que sofrer tanto. Eu só sei que o grito estava entalado, e agora ele soa em meu ouvido enquanto escrevo esse texto.

Eu posso ter passado três anos da minha vida sem aprender a tocar nenhum instrumento musical, sem ter ficado com muitas garotas, sem ter aproveitado a minha juventude, minha família e meus amigos, sem ter feito o que eu realmente gosto, sem ter fotos de dias divertidos (que não fossem dentro de um colégio) no Orkut, mas isso não me impede de me considerar um vencedor. Eu consegui. Hoje eu estou formado e quero que todos me chupem, porque eu sou foda. Não só eu, como toda a turma formada de eletroeletrônica do CTIG de 2006 a 2008. Por favor, leitor, jogue os confetes e a serpentina – nós merecemos.