quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Help!

Devo confessar que até eu já estou cansado das minhas reclamações, visto que eu as faço desde o começo do ano. Mas, mil perdões, preciso descarregar.

O terceiro ano do colegial é o ano em que os jovens têm dois caminhos a seguir: ou se acertam e estudam para o vestibular, ou largam tudo e fazem o que querem. Se eu pudesse escolher, eu ficaria com a segunda alternativa.

Mas isso não é possível no colégio onde estudo. Porque nele, não existe apenas isso de estudar para o vestibular. O colégio é tão puxado que: ou você estuda, ou não passa de ano. (E não adianta estudar no final, como em outros colégios, pois não funciona. Pelo menos uma Dependência você pega). Eu não estou agüentando nem esse ano, imagine mais um. Nem pensar.

Estou começando a concordar com o que ouvi uma vez sobre o fato de os colégios serem as prisões do adolescente moderno. O mundo anda tão competitivo que eles estão mutilando o máximo de habilidades e conhecimento nos jovens, para deixarem-nos aptos para a competição. Para se ter uma idéia, até aula de “Gestão Empresarial” eu tenho. Em outras épocas, essa matéria só era aprendida na prática...

Eu, detento de um desses presídios, tenho experiência no assunto para dizer que o que estão fazendo é loucura. Jovem é o bicho mais interessante que eu conheço. Jovens são passionais, inteligentes, livres, insanos, divertidos, imaturos e criativos. E desperdiçar todo esse talento, prendendo-os horas nos colégios, para enquadrá-los nos padrões, é errado, repito: desperdício de talento.

Nunca senti tanta falta de liberdade. Inscrições para os vestibulares, matérias para estudar, estágios, empresas para mandar o currículo, processos seletivos, séries de matemática, séries de física, relatórios das matérias técnicas. Fico com preguiça só de listar. Perdi completamente o tesão de ter aula. Sinto falta de bons filmes, livros e músicas, aventuras malandras, beijo de namorada, abraço de camarada, passar o dia sem fazer nada.

Conto desde o começo do ano os dias para o fim da minha pena. De acordo com as marcações na parede (dignas das mais angustiantes contagens), faltam apenas três meses. Às vezes acho que eu vou conseguir, e que, logo depois de passar no vestibular, poderei enfim largar os estudos (embora me digam que na faculdade terei que estudar tanto como agora). Às vezes acho que vou largar tudo antes do fim, e me atirar de cima do abismo da vida, sem pára-quedas. Mas a verdade é que me falta coragem para isso.

Afinal, até a coragem me foi tirada.

domingo, 17 de agosto de 2008

Sobre cavalos e pássaros

Não são apenas os cachorros que são as caras dos seus donos.

*

- Meu sonho é voltar para São Paulo, andar pela Paulista e ir a todos os eventos divertidos que existirem naquela cidade. Nessa merda de interior não tem nada de interessante para fazer. Interioranos são muito parados.
- Claro que tem. Aqui tem quase tudo que tem lá, talvez com um pouco menos de diversidade, mas ainda assim é possível se divertir. Não entendo por que você reclama tanto. Se você não tivesse dito, eu nem teria notado que estamos no interior.
- Sei...
- Mas enfim, mudando de assunto, o que é aquilo no meio da rua?
- Um cavalo. E não diga que eu não avisei.

*

Anos depois, o garoto voltou à capital, com uma mochila nas costas e seus sonhos de mundo. Cansado da viagem, comprou um lanche e sentou-se em um banco qualquer da rodoviária para observar a multidão. E que multidão. Gente de tudo quanto é jeito, tamanho e forma, apesar dos gordinhos e os de olhos puxados parecerem maioria. Mas havia algo em comum entre todos: a correria.

Foi quando, ali, no meio de toda agitação, um passarinho pousou e passou a observar o jovem rapaz. Admirado com a coragem do pequeno pássaro, que, acostumado, parecia não temer a possibilidade de ser pisoteado, o jovem jogou um pedaço de seu lanche para ele. O pássaro pegou o pedaço e voou rápido para longe.

E o garoto continuou sentado, perdido em seus pensamentos, tentando entender que mal aquela cidade escondia. Pois algum mal escondia. Não era à toa que ninguém se olhava. Cada um, cada um. Nem mesmo os pássaros sabiam agradecer a ajuda do próximo. Talvez por serem meros pássaros. Talvez não.

*

Em ambas as situações, o personagem principal sou eu mesmo. Até mesmo no diálogo, ambos os interlocutores possuem opiniões minhas. A verdade é que essa questão de interior e capital tem muitos prós e contras. O interior está longe de não ter nada para fazer, mas ainda assim, nem se compara a maior metrópole nacional.

Por outro lado, vivo me questionando se os próprios paulistanos aproveitam a beleza daquela cidade, visto que o medo da violência e a indiferença das pessoas são grandes. E é esse medo, aliado a quantidade de informações que por ali chegam, que deve deixar todas as pessoas tão agitadas e sozinhas. Não, você não leu errado, sozinhas mesmo. No meio daquela multidão, há muita solidão (basta observar a quantidade de pessoas perdidas freqüentemente pelo msn, criando mundos virtuais, nos quais elas podem esconder e curar as suas carências).

Se, porventura, os pássaros e os cavalos prosearem juntos a respeito do assunto, provavelmente poderão se ajudar, e acabar com as minhas dúvidas.

sábado, 9 de agosto de 2008

Camisa 10

A bola da vez no mundo inteiro é a Olimpíada lá na China. Mas, como um amigo meu disse, não é essa a verdade para o aluno do COTEC (colégio onde estudo). Afinal, os campeonatos internos de futsal (masculino e feminino) do colégio começaram. E os campeonatos do COTEC não são campeonatos comuns. Ginásio lotado de guris e gurias se esperneando e gritando para defender os seus cursos, rivalidades e competidores querendo mostrar os seus valores. Alá jogos universitários.

Nessa semana, eu tive a oportunidade de assistir a um jogo entre um time de bichos contra um de veteranos do 2º ano. Era perceptível o nervosismo dos bichos: a bola parecia batata quente nos pés de cada um deles. E é justamente para comentar a respeito disso que resolvi escrever esse texto.

No primeiro ano, a maioria dos jovens não confia no seu taco. Só de olharem para aquele ginásio lotado, já tremem na base. Insegurança total. No segundo ano, a confiança aumenta, mas ainda falta experiência, malandragem. Quando chega o terceiro ano, a história é outra. Enquanto eu assistia ao jogo, meus pés coçavam para entrar na quadra. Os erros e medos dos bichos pareciam servir de estimulantes. A vontade de mostrar como é que se faz era muito grande.

Eu tenho um amigo que sempre me diz que a vida é como uma partida de futebol ou futsal, tanto faz. Você precisa ser camisa 10 e chamar a responsabilidade para si. Quando a barra está preta, precisa-se ter calma, para colocar a bola no chão, respirar, e fazer o seu jogo. Confiança. E apesar de parecer fácil no papel, poucas são as pessoas que conheço que são verdadeiramente camisas 10 em tudo o que fazem.

O fato é que, apesar do meu time não ser o favorito, eu nunca me senti tão confiante. O ano passado bateu na trave com o vice-campeonato e esse ano eu sei que o título será nosso. Nada me impede de sonhar. Mas mesmo que o meu time não venha a ser campeão, eu sei que a minha parte eu vou fazer. E é essa a graça dos esportes: lições de vida, ensinamentos de disciplina, união e determinação.

Embora eu não seja o camisa 10 do meu time (visto a camisa 7), hoje, com a bola nos pés, eu sou uma pessoa completamente diferente. Ou talvez eu seja eu mesmo, vai saber. Grande parte dessa minha confiança eu devo ao meu amigo, esse que eu comentei aí em cima, que sempre me diz que a vida é como uma partida de futebol, e todo o mais. E como hoje é aniversário dele, eu queria dedicar esse texto para ele. Parabéns André, você é fera. Um legítimo camisa 10 de seleção brasileira.

Um dia eu serei confiante como ele em tudo, e não só no futsal.

Alistamento Militar

“Porra, tem cada cara enorme aqui. Com essa minha carinha de bebê babão devem achar que eu tenho 14 anos.”

Soldado de 2 metros de altura, que parecia um rinoceronte, tamanha a cara amarrada, entra na sala e diz:
- Podem conversar, eu não entendo porque vocês ficam tão constrangidos.
Tive que me segurar para não perguntar: Por que será?

Moleque do meu lado, com sonho de virar militar, foi dispensado, motivo: tártaro nos dentes. Perdoe-me a maldade, mas acredito que ele se esqueceu de seguir um dos procedimentos que pedem para seguir no dia da convocação para o alistamento, ou seja, ele não escovou os dentes depois do café da manhã.

Eu também fui dispensado, ainda bem. Motivo? Eu sou cego: não consegui enxergar as letrinhas miudinhas. O detalhe é que eu estava de óculos...

domingo, 3 de agosto de 2008

Too cool for school

Redação Pré-ENEM do colégio, escrita em 5 minutos.
Tema proposto: Participação voluntária na cidadania.


Em plena sexta-feira, véspera da viagem mais esperada de nossas vidas acadêmicas, eu sou convidado a realizar um simulado ENEM, com redação, que poderá vir a contar pontos em todas as disciplinas. Acredito que seja possível imaginar a minha animação para realizar a prova.

Certa vez, ouvi dizer que são essas provas, nas quais o aluno está sem vontade de realizar a mesma, que o verdadeiro conhecimento do aluno é testado. Eu tentei, porém é completamente impossível entender um gráfico quando em sua cabeça só aparece a imagem de Porto Seguro.

A verdade é que sempre fui considerado um aluno dos menos desleixados, apesar de possuir as minhas irresponsabilidades, e que essa minha atitude de fazer a prova "jogada" não corresponde ao meu perfil, mas eu realmente não consigo.

Em uma próxima oportunidade, prometo me esforçar em nome do colégio para cometer menos erros de português, seguindo os padrões de escrita. Mas não, não hoje!
Adeus, vou fazer a minha mala e me prostituir em Porto Seguro.


Nota: 0, pois, segundo a professora, a redação fugiu do tema.
E um recadinho no final: Tudo bem, Marco... tudo bem!